Orisa Esu (Exu)
Esu foi um dos filhos de Orunmilá que veio ao mundo em forma de Orixá.
Olodumare, Deus Supremo, mandou Orunmilá vir tomar conta do mundo, das pessoas e das coisas.
Nessa época havia muitos orixás, mas Esu era o mais corajoso, inteligente e brigão. Nas reuniões tomava a frente em tudo, e brigava com os outros. Por isso deixavam-no fazer o que quisesse, e concordavam com tudo que dizia. Assim Esu ficou sendo o braço direito de Orunmilá.
Até hoje os iorubá lembram-se primeiro de Esu em tudo o que fazem, para que ele não atrapalhe, e tudo dê certo.
Esu é representado por uma estátua de barro, pedra, madeira ou ferro, com dezessete marcas em forma de olhos, na frente e nas costas. Estas marcas significam a relação Esu/Ifá. Tem ainda sete marcas de um lado e cinco do outro, totalizando doze, possuindo cada uma um significado. Pode-se colocar búzios nas marcas.
O assentamento de Esu é representado por qualquer objecto - imagem, pedra etc., e é colocado no chão. No dia de assentar esse orixá ou nos dias de ritual em sua homenagem, as pessoas dão festas e oferecem comidas.
Quando se sacrifica um animal para Esu, jogam-se as oferendas na cabeça da imagem. Antigamente os devotos de Esu usavam seres humanos para seus sacrifícios, mas esses rituais foram proibidos há mais de um século.
Há dois lugares específicos para colocar o assentamento: na divisa da cidade (odi ilu), sob uma cabana de folhas chamada koriko, para proteger todos os habitantes, ou em frente das casas, para proteger seus moradores. Nunca se pode colocar Esu dentro de casa. É tabu (ewo). O povo diz que “Esu não tem modos”, por isso sua casa deve ficar do lado de fora.
Se não for agradado, Esu faz maldades, por isso sempre é homenageado antes das cerimônias. Existe uma qualidade, chamada Burukú ou Odaran que é muito mau, e só faz coisas ruins.
Pode-se dar qualquer coisa de presente a Esu: banana, milho, cará, dinheiro, bebidas ou qualquer outra coisa. Os fazendeiros, ao voltarem de suas terras, quando passam pelo assentamento à entrada da cidade, costumam dar uma parte da colheita de presente a Esu.
A única coisa que Esu não aceita é o óleo extraído do caroço do fruto do dendezeiro, chamado adin. Por exemplo, se uma pessoa quer se vingar de alguém, coloca adin na imagem de Esu em nome do outro, e pede que ele seja castigado. Se uma pessoa colocar adin, mesmo sem querer, perto da imagem de Esu, acontece uma série de coisas ruins naquela casa.
Esu pode ser chamado por diversos nomes: Elegbera, Elegbaa, Elegbara, Leegba.
Existem várias qualidades de Esu:
Burukú, Odaran - só faz coisas ruins;
Ona - Esu do caminho, da estrada;
Ori - Esu da cabeça de cada um;
Abenuga - não se assenta mais na Nigéria, porque fazia acontecer coisas ruins a quem falasse mal da casa onde estava assentado.
O povo acredita que há relação entre Ifá e Esu, e crê que Esu dá filhos a quem não pode procriar. Quem quer ter filhos procura Ifá e faz um trabalho para Esu, para engravidar. Quando a criança nasce, recebe um nome em homenagem a Esu:
Esutosin (para agradecer a Esu);
Esubayila (aquele que mandou parar a morte - em caso de abiku);
Esubiyi (Esu fez nascer este aqui);
Esudayo (Esu dá felicidade);
Esubola (Esu dá riqueza), e assim por diante.
As principais cidades nigerianas onde ainda se cultua e homenageia Esu são: Ondo, Ilesá, Ibini, Ijebú, Abeokutá e Ekití.
Texto extraído do livro: "Cultura Iorubá" de Maria Inez C. de Almeida, 2006
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