quarta-feira, 11 de março de 2009

Poema «Coroa de Preto-Velho»

Coroa de Preto-Velho

A fumaça que sai do meu cachimbo,
forma nuvens quando encontra o céu,
e das lágrimas que me caem do rosto,
nascem rios que correm sem gosto,
formando na terra o mais belo ilhéu.

Sou preto, sou velho, fui escravo,
fui por Deus coroado.

Hoje espalho no mundo mensagens de fé,
trazendo esperança com minha humildade,
deixando sementes de caridade,
secando a mentira e regando a verdade.
Trago comigo arruda e guiné,
caminho descalço em cima de espinho,
quebro mironga e curo doença,
habito cabana ao pé de cruzeiro,
trabalho aqui e no mundo inteiro.

Sou preto, sou velho, fui escravo,
venho por Deus ordenado.

Almada, 31 de Janeiro de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

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