sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Santa Sara Kali (Deusa Kali) - Padroeira do povo cigano

Santa Sara Kali

Algumas falam que ela seria serva e parteira de Maria, e que Jesus a teria em alta estima por te-lo trazido ao mundo. Outras, que era serva de Maria Madalena. Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries de la Mer, na França, onde ela teria chegado junto com Maria Jacobina ou Jacobé,irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro e Maximinio. Já o epíteto "Kali" significa "a negra", porque sua tez ser escura... Mas quem foi afinal a Santa Sara Kali?
Pouco se sabe sobre o nascimento de Jesus. Acredita-se que tenha ocorrido numa gruta, pois os essênios, que eram um povo muito esclarecido, costumavam utilizar este local como hospital, por oferecer condições ideais para doentes e convalescentes da região.
O texto apócrifo de Tiago mostra que os anjos trouxeram uma parteira, Sarah, que mal conseguia ver Maria, devido à luz que o espaço emitia. Sarah aproximou-se de Maria e observou que seus seios estavam cheios de leite, e que o nascimento de Jesus não tinha lhe tirado a virgindade. O bebé nasceu limpo, como se o parto tivesse sido dirigido pelos anjos e Sarah acompanhou a vida de Jesus com discrição. Provavelmente vivia com Maria, como escrava, Maria Madalena ou com José de Arimatéia, tio-avô de Jesus.Após a morte de Jesus, os textos apócrifos relatam que as três Marias dirigiram-se para o sul da França, chegando entre 24 e 25 de Maio. Alguns relatos dizem que elas foram atiradas para um barco, sem remos ou provisões e que acabou por atracar na Praia de Maries-de-la-Mer, na foz do Rio Ródano.Pouca gente sabe, incluindo os ciganos que veneram esta santa em especial, que Sarah não foi apenas a criada de Maria, mas sua parteira! Era egípcia, tinha a cútis escurecida pelo sol e Jesus tinha-a em grande estima.No dia consagrado à sua homenagem, em França, o padre da cidade costuma levar ao mar a barca com sua imagem. Os ciganos vestem-se de forma alegre, porém recatados. Não é admissível, numa festa comemorativa, as mulheres usarem saias acima dos joelhos, por exemplo. Os homens ciganos vestem roupas escuras e as mulheres saias multicoloridas, ostentando as suas jóias.
Dizem os ciganos que Santa Sarah Kali só tem olhos para eles, que conhecem as tradições e que encontram-na na sombra da cripta. Antes que colocassem as grades no seu monumento e fechassem seu acesso à noite, os ciganos viajantes pernoitavam e pediam protecção a Santa Sarah, oferecendo velas à "Virgem Negra". Paralelamente a história de Sarah chegou à índia, onde os ciganos a associaram à deusa Kali, negra, poderosa e transformadora.A peregrinação que os ciganos fazem ao local onde está a estátua de Santa Sarah tem uma intenção diferente à dos católicos. Eles sabem que os objetos mortos só podem viver à medida que os homens lhe dão vida. A protecção de Sarah confere as pessoas emanações sempre benéficas, que representam simbolicamente o ventre da sua mãe, o seu sorriso, a irmã e a rainha: a "phuri dai" secreta dos Roms.Dizem que uma pessoa de bom coração consegue ver o sorriso na estátua de Santa Sarah




KALI (no Panteão Hindu)



Káli e a Seita dos Thugs
Há cerca de 300 anos, um grupo de indianos adoradores da deusa Káli, a deusa da morte e da destruição, fundou uma fraternidade intitulada Thug, cujos membros se comunicavam por meio de uma linguagem secreta e de gestos, os quais só eles sabiam interpretar.
Segundo mística clássica, a Káli (ou Durga) havia sido confiada a tarefa de destruir o poder demoníaco que oprimia o mundo, e seus seguidores concluíram que os peregrinos em adoração a outros deuses deviam ser seus demônios disfarçados de gente. Assim, os thugs (ou Phansigars, estranguladores) faziam amizade com esses grupos e, logo que ganhavam a confiança deles, estrangulavam-nos com lenços ou laços que carregavam na cintura. (Segundo o mestre Samael, os altos iniciados da loja Negra usam um cinto de tecido especial com sete nós.)
Depois de mortas, as vítimas eram mutiladas por membros da seita especialmente treinados para isso. As principais vítimas eram mulheres e crianças das castas mais humildes, e, circunstancialmente, eram sacrificadas nos altares dos templos de Káli.
Para que não identificassem as vítimas, escavavam buracos com picaretas consagradas, jogavam terra por cima e dançavam sobre a superfície para achatá-la.
O ritual terminava com oferendas de açúcar à deusa Káli e libações sobre a picareta. Por fim, repartiam entre si o que haviam roubado da vítima.
A seita dos estranguladores teve seu apogeu no século 13, com a construção de diversos santuários dedicados a Káli. Nessa época, os Thugs criaram uma organização tão estruturada (ou maior) que as máfias modernas. Os Thugs geralmente trabalhavam em bandos, ao longo das estradas e cidades sagradas indianas, como por exemplo Benares e Allahabad. Eles geralmente eram acompanhados de auxiliares, denominados Bhurtotes e Shumseeas.
Os thugs raramente viajavam, ficavam confinados a determinadas regiões, próximas a seus templos sacrificiais, porém existia uma variante thug, que eram os thugs viajantes, ou Megpoonas. Esses eram mais difíceis de capturar, pois não havia um ponto específico onde pudessem ser encontrados. Foram os que mais destruição causaram ao povo indiano.
Certa vez, Sir Sleeman interrogou um seguidor thug sobre se ele realmente havia assassinado centenas de pessoas, por meio do estrangulamento. Esse thug disse que não, que não havia assassinado ninguém. Quem havia matado a essas centenas de pessoas fora a própria Deusa Káli, utilizando as mãos dele...
Origens Esotéricas dos Adoradores de Káli
Segundo o Mestre Samael, esta seita involucionante teve sua origem na própria Atlântida, criada pela própria Fraternidade Negra. De lá, essa seita tântrica negativa se estabeleceu no país chamado Perlândia (a terra das pérolas), hoje conhecida como Índia.
Káli é a personificação das forças cósmicas destruidoras, Káli possui dois aspectos, um positivo, que vem a ser a Mãe Destruidora de todas as trevas interiores do ser humano. Em seu aspecto negativo é a energia da Kundalini despertada negativamente, transformando-se na tão temida “cauda dos demônios”, ou Órgão Kundartiguador.
Felizmente, essa seita de assassinos foi combatida e extinta pelas autoridades britânicas na Índia. Coube a Sir William Sleeman, entre os anos 1829-1848, a incumbência de reprimir e destruir a tenebrosa organização Thug.
Sir Sleeman escreveu um interessante trabalho, intitulado Ramaseeana, ou a Linguagem Peculiar dos Thugs. Sleeman afirmou ter conhecido textos que falavam dos thugs na época de Heródoto. Foram condenados por ele cerca de 1.600 thugs por assassinato.
Etimologias.
Káli vem do híndi e significa “a negra”.
Durga quer dizer “a inacessível”.
Parvati é a consorte de Shiva, ou seja, nossa Divina Mãe Cósmica Kundalini, em seu aspecto positivo.
Káli e Durga, portanto, são duas facetas da energia sagrada da Kundalini.
Outro nome dado pelos thugs a Káli era Dávi.



KALI, A DEUSA DA REENCARNAÇÃO

kali kali maha matanamah kalike namoh namahjaya jagatambe eh ma durganarayane om narayane om

A Índia foi o lugar em que a humanidade vivenciou a Mãe Terrível da forma a mais grandiosa, como Kali, "as trevas, o tempo que a tudo devora, a Senhora coroada de ossos do reino dos crânios".
Na mitologia hindu, Kali é uma manifestação da Deusa Durga. Segundo a lenda, no primórdios dos tempos, um demônio chamado Mahishasura ganhou a confiança de Shiva depois de uma longa meditação. Shiva ficou agradecido por sua devoção e então lhe concedeu a dádiva de que cada gota de seu sangue produziria milhares como ele, que não poderiam ser exterminados nem pelos homens, nem pelos deuses. De posse de tamanho poder, Mahishaseura iniciou um reinado de terror vandalizando pelo mundo.
As pessoas foram exterminadas cruelmente e até mesmo os deuses tiveram que fugir de seu reino sagrado. Os Deuses reuniram-se e foram se queixar para Shiva das atrocidades cometidas pelo tal demônio. Shiva ficou muito zangado ao ser informado de tais fatos. Sua cólera, por sentir-se traído em sua confiança, saiu do terceiro olho na forma de energia e transformou-se em uma mulher terrível. Shiva aconselhou que os outros Deuses também deveriam concentrar-se em suas shaktis e liberá-las. Todos os Deuses estavam presentes quando uma nova deusa nasceu e se chamou a princípio de Durga, a Mãe Eterna. Ela tinha oito mãos e os Deuses a investiram com suas próprias armas de poder: o tridente de Shiva, o disco de Vishnu, a flecha flamejante de Agni, o cetro de Kubera, o arco de Vayu, a flecha brilhante de Surya, a lança de ferro de Yama, o machado de Visvakarman, a espada de Brahma, a concha de Varua e o leão, que é o meio de locomoção de Himavat.
Montada no leão, transformou-se em Kali, e cega pelo desejo de destruição atacou Mahishasura e seu exército. A Deusa exterminou demônio após demônio, exército após exército e um rio de sangue corria pelos campos de batalha, até que finalmente, decapitou e bebeu o sangue de Mahishasura estabelecendo novamente a ordem no mundo.
Logo após as batalhas Kali iniciou sua eufórica dança da vitória sobre os corpos dos mortos. Com esta dança todos os mundos tremiam sob o tremendo impacto de seus passos. Em muitas ocasiões, seu consorte Shiva teve de se atirar entre os demônios por ela executados e deixá-la espezinhá-lo. Esse era o único modo de trazê-la de volta à consciência e evitar que o mundo desabasse.
Carl G. Jung nos diz que uma das imagens de descida é aquela do sacrifício de sangue. Ele diz que se o herói sobrevive a esse encontro com o arquétipo da Mãe devoradora, ele ganha energia vital renovada, imortalidade, plenitude psíquica ou alguma outra dádiva.

KALI, A DEUSA TRÍPLICE

Kali Ma é uma deusa hindu de dupla personalidade, exibindo traços tanto de amor e delicadeza quanto de vingança e morte terrível. Era conhecida como a Mãe Negra, a Terrível, Deusa da Morte e a Mãe do Carma. Ela é mostrada agachada sobre o corpo inerte de Shiva, devorando seu pénis com sua vagina enquanto come seus intestinos. Essa imagem não deve ser entendida literalmente, ou visualmente, num plano físico. No sentido espiritual, Kali recolhia a semente em sua vagina para ser recriada em seu ventre eterno. Ela também devorava e destruía toda a vida para que fosse refeita.
Como Klika, ou Anciã, ela governa todas as espécies de morte, mas também todas as formas de vida. Ela representa as três divisões do ano hindu, as três fases da Lua, três segmentos do cosmo, três estágios da vida, três tipos de sacerdotisas (Yoginis, Matri e as Dakinis) e seus templos. O s hindus reverenciavam o trevo como emblema da divindade tríplice de Kali. Eles diziam que se não podemos amar a face negra de Kali, não podemos esperar por nossa evolução.
Kali comanda as gunas, ou linhas da Criação, Preservação e Destruição, e incorpora o passado, o presente e o futuro. As gunas são simbolizadas por linhas vermelhas, brancas e pretas. Ela controla o clima ao trançar ou soltar seus cabelos. Sua roda cármica devora o próprio tempo.
Ela proíbe a violência contra a mulher e rege as actividades sexuais, magia negra, vingança, regeneração e reencarnação.
A Lua minguante está associada a Kali. Aqui, há o domínio dos instintos, do indiscriminado. Tudo pode se transformar no seu oposto. É o momento lunar mais negado no psiquismo da mulher e está severamente vigiado para que não venha à tona. É o feminino sombrio, mas que também pode trazer iluminação à consciência. É mais uma passagem, ligada a processos de transformação.A energia de Kali simboliza o poder destruidor/criador que está reprimido em muitas mulheres que nos séculos passados se adaptaram a um modelo socialmente determinado de comportamento dependente, sedutor e guiado pelo sentimento de culpa. Só nos últimos cem anos é que a força da mulher começou a retomar contacto com seu poder pessoal.
No panteão das divindades tântricas, Kali é mencionada como a primeira das 10 Grandes Forças Cósmicas porque, de alguma forma, é ela que começa o movimento da "Roda do Tempo Universal".
Kali é equivalente à deusa grega Atena, que por muitos séculos foi honrada como deusa feroz das batalhas. O mito e adoração de Kali, reflete as forças primitivas da natureza. Estas forças estão associadas com os ciclos da mulher e estão representadas no útero feminino, o caldeirão do renascimento.
Kali é a Deusa Escura, cuja escuridão nada tem a ver com o "mal". Muitos povos vêem o mundo com a dicotomia do claro/escuro, bem/mal. Entretanto, para o hinduismo não existem estas oposições. No pensamento hindu não existe o mal, mas há o carma. O carma é uma lei física e moral de causa e efeito e, todos os resultados cármicos são resolvidos através de múltiplas reencarnações.
Kali é uma polaridade que é evidenciada no "yin" e no "yang", no homem e na mulher, no racional e no intuitivo, na sabedoria e na ignorância. É ainda a interativa passagem entre o real e o imaginário, o Oriente e o Ocidente, o campo e a cidade, a causa e o efeito. Kali é uma deusa mítica de memória ancestral, devidamente integrada à nossa Era Digital.

FESTIVAL DE KALI

Para a grande festa do templo em homenagem a ela, realizada na primavera, chegavam peregrinos da planície e das montanhas. Um cidadão inglês que assistiu ao festival, em 1871, relata que, diariamente, aproximadamente vinte búfalos, duzentos e cinquenta cabras e o mesmo número de porcos eram imolados em seu templo. Sob o altar dos sacrifícios, fora escavada uma cova funda e preenchida com areia limpa; a areia absorvia o sangue dos animais decapitados. Essa areia era renovada duas vezes ao dia, sendo aquela já embebida de sangue enterrada oportunamente, como fertilizantes para a terra.
Tudo transcorria com muito asseio e propriedade, sem restos de sangue nem mau-cheiro. Nos preparativos do novo ano agrícola, a seiva vital, o sangue, deveria renovar a força e a fertilidade da velha deusa terra, fornecedora de todo alimento.
Atualmente, o templo de Kali em Kalighat, Calcutá, é conhecido como o principal centro onde se fazem os sacrifícios diários de sangue; seguramente, ele é o santuário mais sangrento da Terra. Durante o período das grandes peregrinações ao festival Durga anual , ou festival de Kali (Durgapuja), no outono, são sacrificadas oitocentas cabras durante os três dias de comemoração. Entretanto, o templo não funciona apenas como matadouro, pois o animal permanece com quem o abateu como oferenda. No templo fica somente a cabeça do animal, como presente simbólico e o sangue flui para a deusa. Deve-se a ela o sangue vital de toda criatura, uma vez que foi ela quem o concedeu, por isso o animal deve ser imolado em seu templo e, em virtude disso, o templo torna-se, ao mesmo tempo, um abatedouro.
Esse rito é conduzido de forma tenebrosa e sórdida; em meio à lama formada por sangue e a terra, as cabeças dos animais vão formando montes, como troféus diante da imagem da deusa. Entretanto, aquele que fez a oferenda leva o corpo do animal de volta para casa para a realização de um banquete com seus familiares. A deusa quer somente o sangue da vítima, por isso, a decapitação é a forma da oferenda, já que assim o sangue se esvai rápidamente e substancialmente. É por isso que as figuras nos contos de "Hitopadesha" e de "Kathasaritsagara" cortam suas cabeças, embora seja verdade que a cabeça também significa o todo, o sacrifício completo.
Em sua aparência aterradora, a Deusa na forma de Kali, a escura, leva aos lábios o crânio banhado em sangue; sua imagem devocional exibe-a vermelha de sangue, sobre um barco navegando num mar de sangue: em meio à torrente de vida, da seiva daqueles que foram sacrificados, de que ela precisa para dar vida num processo de incessante geração de novas formas de existência, em sua manifestação clemente decepadas de suas vitimas, posta-se sobre o cadáver de Shiva, com um espectro bárbaro de antiguidade primitiva. Ambas são terríveis o suficiente, quase irreais, em virtude do exagerado horror. A terceira figura tem um efeito muito mais sinistro, porque se manifesta de maneira mais sutil e não tão bárbara. Uma de suas mãos, de aparência humana, está estendida e a outra afaga as cabeças de cobras, de uma forma tão delicada como o faz Ísis, quando acaricia a cabeça de seu filho e embora os seios animais fálicos sejam repugnantes, na verdade lembram os seios da divindade materna africana, que são muito semelhantes. Todavia, a cobra de cabeça dilatada que circunda suas ancas como um cinto, sugere o útero feminino, aqui em seu aspecto letal. Essa é a serpente que se enovela no colo da sacerdotisa da serpente cretense, assim como as serpentes que compõe a manto da deusa mexicana Coatlicue e que cingem as ancas das Górgonas gregas. A medonha língua de tigre sangrenta dessa deusa é a mesma que se arremessa por entre as presas dilaceradoras da Gógana, ou que pende entre as presas e os seios listrados como tigre da feiticeira Rangda.
Essas figuras guardam uma horripilante semelhança entre si. Seu aspecto destruidor e medonho nos faz hesitar. Contudo, não podemos nunca esquecer que tudo isso, não é uma imagem somente do Feminino, mas principal e especificamente a imagem do Maternal.
Kali chega às nossas vidas para dizer que é hora de perdermos o medo da morte, seja ela física, de um relacionamento, de um emprego, de um amor. Nossos medos não podem nos impedir de dançarmos a Dança da Vida, portanto o melhor é aprendermos a enfrentá-los e reconhecermos que eles fazem parte de nossa evolução. Só alcançaremos a totalidade quando resgatarmos aspectos que abrimos mão em função do medo. Quando você reconhecer seus medos e lhes der nomes, estará a um passo de superá-los. Não enfrentá-los é parar no tempo e no espaço. É morrer sem ter alcançado a esperança de um novo renascer.

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