domingo, 31 de janeiro de 2010

Diálogo entre um ente de luz e um consulente



Diálogo imaginário, entre um ente de luz incorporado em um médium, e um consulente, durante um ritual de desenvolvimento espiritual e atendimento, dentro de um templo de Umbanda.


- Salve Pai!
- Salve filho! Que gosto tenho em vê-lo aqui.
- Eu também meu pai, eu também...
- Gostava de o ver mais vezes nesta casa, filho. E tenho pena que só venha quando está necessitado.
- Não é isso meu pai. Sabe...o trabalho...a familia...enfim, não tenho muito tempo.
- Entendo meu filho. Também eu tenho o meu tempo, assim como tudo o que existe, mas não deixo nunca de guardar algum para o meu pai, assim como também para os meus filhos, tanto para os que precisam de minha ajuda, como para os que apenas me visitam.
- Pois, mas o meu pai é diferente...
- Não meu filho, não sou assim tão diferente! Apenas aprendi que há que dar tempo ao tempo. Que existem várias realidades de tempo, e que sabendo reparti-lo e aplicá-lo correctamente, nunca teremos sua falta.
- (o filho chorando) Entendo... me desculpe meu pai, pois não soube reparti-lo de maneira a poder vir visitá-lo mais vezes! Me desculpe!
- (o ente de luz, passando a mão pela cabeça do filho) Meu filho, não precisa verter suas lágrimas, eu não o estou a julgar, apenas lhe mostro outra maneira de caminhar. Além disso, não precisa de se desculpar perante mim, pois o perdão pelos seus erros, é você próprio que o detém, e o tem de descobrir dentro de si. E ao descobrir isso meu filho, vai encontrar-se com a centelha do Criador que existe dentro de si. E ela se iluminará tanto...
- E como posso fazer isso meu pai?...
- Simples, meu filho!
Imagine sua vida como um enorme campo de terra árido, cheio de plantas daninhas. Para tornar fértil essa terra, terá de primeiro ará-la e trazer para o cimo, o que de bom a terra tem, e enterrar as ervas daninhas que nada de bom produzem. Em seguida, jogue para a terra as seguintes sementes: humildade, amor ao próximo, fé, caridade, justiça, lealdade, verdade, e sabedoria. Regue abundantemente com a água mais pura e cristalina que encontrar. Aguarde, e depois dessas sementes crescerem, criarem fortes raizes e se tornarem em belas árvores, colha os seus frutos com o maior carinho, tire para si o necessário, e distribua também pelos seus irmãos.
- Isso é muito bonito meu pai, mas não é nada fácil, não sei se consigo.
- E quem falou em fácil?
Tudo tem o seu preço, meu filho. Mas o sacrificio, a dedicação, e perseverança, que são necessários para conseguir triunfar valem bem a pena. Mas isso é decisão sua e de mais ninguém.
- Claro meu pai. Eu entendo...
- Voltando agora á razão de sua visita, meu filho. Acaso necessita de fazer algum pedido, ou algo da minha parte?
- Não meu pai. Acho que já não preciso de mais nada, pois já me disse tudo.
- Então até á próxima meu filho, e que a luz sempre o acompanhe.
- Obrigado meu pai! Voltarei para visitá-lo mais vezes!
- Cá estarei meu filho, como sempre.
- Salve meu pai!
- Salve filho!

Lisboa, 1 de Fevereiro de 2010 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

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